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ATO PENITENCIAL II

    Voltando à culpa, ou pelo menos, a minha, vou narrar um fato pessoal para não divagar demais e não sair fora da rota desta vez...
    Confesso que já fui petista, esquerdista e um pouco vitimista por um período da minha vida. Ajudei, e muito, a montar o Partido dos Trabalhadores na minha cidade, conheci personalidade de expressão nacional do partido, convivi com dirigentes regionais e seus grupos, fui membro de movimento estudantil em faculdade pública, estive no meio de reuniões e passeatas contra o “imperialismo yanque” e gritei palavras de ordem contra o capitalismo. Vi de perto a política esquerdista e seus principais braços; estudantes, sindicatos de professores e membros da Teologia da Libertação que se embrenham em boas consciências desavisadas. Vi como a ideologia reinante, dita progressista, cria seus filhotes no meio da burocracia estatal e atrasa o progresso nacional, vi as muitas formas de pressionar os neófitos a entrarem e se tornarem a infantaria de partidos e vi como é difícil sair do oceano de argumentos e interesses que as forças revolucionárias possuem. Mas um dia, enfim, depois de muito gestar dúvidas, críticas e desilusões; venci a barreiras do “movimento” e por longos caminhos compreendi (e ainda estudo para compreender) a realidade sem disfarces, falácias, opiniões ou percepções pré-moldadas em gabinetes.
    Digo estas coisas por pensar que eu deveria ser digno de respeito por ter conseguido mudar de convicção ideológica, em um meio onde poucos o conseguem. Porém, não é isto que ocorre e volta e meia vem um inspirado pelo pai da tentação e me diz: “Você é esquerdista” ou “a culpa é sua por esse povo...”, enfim, volta e outra ganho de presente um passado digno de vergonha.
    Mas vamos lá, não seria isso o peso para me recolher em lamúrias e covardia pelas ideias que tive e tenho. Porque se a confissão do mea-culpa é uma virtude cristã, o aceitar os açoites das ignorâncias dos próximos e a perseverança na luta pela correção também o são e a vida continua. 




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