Voltando à culpa, ou pelo
menos, a minha, vou narrar um fato pessoal para não divagar demais e não sair
fora da rota desta vez...
Confesso que já fui petista,
esquerdista e um pouco vitimista por um período da minha vida. Ajudei, e muito,
a montar o Partido dos Trabalhadores na minha cidade, conheci personalidade de
expressão nacional do partido, convivi com dirigentes regionais e seus grupos,
fui membro de movimento estudantil em faculdade pública, estive no meio de
reuniões e passeatas contra o “imperialismo yanque” e gritei palavras de ordem
contra o capitalismo. Vi de perto a política esquerdista e seus principais
braços; estudantes, sindicatos de professores e membros da Teologia da
Libertação que se embrenham em boas consciências desavisadas. Vi como a
ideologia reinante, dita progressista, cria seus filhotes no meio da burocracia
estatal e atrasa o progresso nacional, vi as muitas formas de pressionar os
neófitos a entrarem e se tornarem a infantaria de partidos e vi como é difícil sair
do oceano de argumentos e interesses que as forças revolucionárias possuem. Mas
um dia, enfim, depois de muito gestar dúvidas, críticas e desilusões; venci a
barreiras do “movimento” e por longos caminhos compreendi (e ainda estudo para
compreender) a realidade sem disfarces, falácias, opiniões ou percepções
pré-moldadas em gabinetes.
Digo estas coisas por pensar
que eu deveria ser digno de respeito por ter conseguido mudar de convicção
ideológica, em um meio onde poucos o conseguem. Porém, não é isto que ocorre e
volta e meia vem um inspirado pelo pai da tentação e me diz: “Você é
esquerdista” ou “a culpa é sua por esse povo...”, enfim, volta e outra ganho de
presente um passado digno de vergonha.
Mas vamos lá, não seria isso
o peso para me recolher em lamúrias e covardia pelas ideias que tive e tenho.
Porque se a confissão do mea-culpa é uma virtude cristã, o aceitar os açoites
das ignorâncias dos próximos e a perseverança na luta pela correção também o
são e a vida continua.
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