Escanteio
para o Nacional, trinta e oito da etapa complementar, bate Taco na área, tira o
goleiro do Juventus. Domina Machado no meio do campo, avança e tenta levar o
Juventus nesse final de jogo, Machado avança e tem Guimarães mais a esquerda.
Guimarães domina e toca para Ramos na direita que bate forte, mas Josiel pega
firme.
Tintas Trindade, qualidade por baixo preço.
Tintas Trindade, a tinta que passa e ficaaa...
O
jogo vai se aproximando do seu final, o empate persiste, o clima de prorrogação
vai tomando conta e a vaga para a final do campeonato brasileiro permanece em
aberto.
Josiel sai jogando com Cuíca no meio, Cuíca
domina e liga rapidamente Taco lá na frente. Um lenços, dois lençóis, meu Deus
do céuuu... Mandou a bombaaaa... É gol... Gooooooooooollllllllllll...
“Felicidade... Brilha no ar, como uma estrela que não está
lá...”
Gooooooollll....
gol, gol, gol,...
Imagino
que o inferno seja um lugar onde dois times de futebol se enfrentam
eternamente, mas não exista nenhum gol, não existam balizas para demarcar os
tentos e não existam objetivos; assim, os jogadores se enfrentam na ânsia de
possuir a bola, porém sem tem em mente para onde irão depois. Os times jogam,
duelam, lutam e nunca chegam a lugar algum. Rodam o campo, correm pelas
arquibancadas, saem do estádio, jogam pelas ruas da cidade e chegam as
plantações e as florestas, mas nunca marcam o alentado gol salvador. Os diabos
mais cruéis seriam os jogadores mais habilidosos que com dribles encantadores
hipnotizam e seduzem mais e mais os condenados a peleja eterna para lutarem com
mais garra, mais vontade, mais ânsia e ilusão; sonhando com o gol que nunca
chegariam a marcar.
E o
céu, como seria? Bem, sobre o céu nos tivemos a graça de deslumbrar sua divina
imagem no lance do gol de Taco domingo último, no estádio Comendadorzão. Ali A
lógica, o destino, a mágica e a perfeição se uniram para mostrar a
transfiguração do que seja a gloria eterna. As palavras, como já dizia o
filósofo Platão, não são suficientes para descrever o supremo bem, portanto não
podem descrever o que ali aconteceu. Oxalá, um dia eu tenha a graça de escrever
um livro tentando contar um pouco sobre tal acontecimento.
O
futebol, como muitos dizem, é ilusório, é idiotizante, é mentiroso e, acredito
eu, por isso mesmo humano demais. Futebol é símbolo e fato, é a imitação e o
real, é a forma simplicidade e a complexidade tentando se sobrepor uma a outra.
Não me iludo com o futebol, me encanto sem querer.
Imagino
que quando o Juventus desceu num forte contra-ataque, depois de um escanteio do
Nacional cobrado pelo próprio Taco, ele deve ter pensado que tudo estava
perdido, que a sua chance de ser campeão no seu país, depois de ter sido
campeão correndo o mundo, estava perdida. Quantas vezes uma pessoa não se vê
perdida momentos antes da gloria lhe dar uma baforada? Quantos momentos de
tristeza não foram sucedidos das maiores alegria que uma pessoa já teve na sua
vida? Quantas lágrimas de tristeza ainda estavam úmidas na face, enquanto as
lágrimas de alegria já corriam por sobre elas? Mas o ataque do Juventus
desperdiçou a chance clara de fazer o gol e numa reviravolta existencial, em
poucos segundos depois, a bola vinha magnetizada de bênçãos para Taco,
malabaristicamente, dar uma chaleira num adversário, depois um lençol em outro
e por fim, acertar um chute cujo voo fez um ângulo impossível fisicamente para
morrer, ou viver para sempre, no fundo das redes. Quando Taco correu gritando
para abraçar o pessoal do banco de reservas, exorcizava tristezas, angustias,
magoas, dores, ressentimentos e desilusões de uma nação de torcedores e
admiradores que gritaram junto com ele. Uma seleção de Pelés, Maradonas,
Garrinchas, Beckenbauers, Rivelinos, Zidanes, Di Stéfanos, Sócrates e Zicos e
Ronaldos se metamorfosearam em um simples Taco. Em um simples José Aparecido de
Souza. Coisas do futebol e dessa vida de ilusões.
Muito
provavelmente em cem ou duzentos anos não sobrará futebol, porém acredito que
sobrará sim o gol de Taco nessa semifinal de brasileirão, a vida seguirá, mas
por hora só nos resta esperar até o próximo domingo para ver quem será o
campeão do ano, quem será ungido de gloria e esplendor pela bola e suas forças
enigmáticas que a circundam pelo universo inteiro.
...
Gol, gol, gol, golaçoooooo de Taco.
“Quantos jovens te procuram, quantas
esperanças tu vestes, quantos sonhos realizados, quantos atletas fizestes. O
que é ruim logo se acaba, o que é bom permanece...”
É do
Nacional, é do Nacional, é do Nacional... A paixão da exceção... Um a zero e o
Nacional fica com a mão na vaga da finalíssima... Uma pintura, uma obra prima,
uma mágica. Espetacular, sensacional, magnífico, gol de Tacooo... Como
descrever esse lance? Cuíca lançou a bola, Taco vem na corrida e com o lado
externo do pé já dá um lençol no primeiro adversário, faz um giro de corpo e
sem deixar a bola cair dá outro toque na bola e outro lençol em outro
adversário e mais um giro de corpo para pegar a bola, sem deixa-la cair e
mandar um petardo de mais de trinta metros de distância, para encaixar a bola
no ângulo. Uma obra prima fruto de um design divino aqui no meio campo do
Comendadorzão! Um resplendor aberrante! Uma apoteose estética de uma máquina
humana de jogar futebol chamada Tacooo... Demais, demais, demais... Fala Eloy
Valadares, fala o que você viu? - O ataque do Juventus parecia muito bom, mas
apesar dos belos passes de Machado para Guimarães e de Guimarães para Ramos, o
chute ao gol deste último foi bem defendido pelo goleirão Josiel, que por sua
vez saiu jogando rápido com o meia Cuíca que lançou Taco lá na frente e este
foi monumental... Em dois lençóis magníficos ele tirou dois adversário e num
chute sem-pulo a bola foi direto no
ângulo do gol do arqueiro juventino... Ai amigo, ai já era, um a zero para o
Nacional e agora faltando menos de cinco minutos para o fim da semifinal do
brasileirão...
“Coração
apaixonado. Só
escuta a própria voz e nada mais...”
Tempo e placar do jogo...
Tintas Trindade, qualidade por baixo preço.
Tintas Trindade, a tinta que passa e ficaaa...